domingo, 24 de julho de 2011

Crônica da Semana

Não dá pra contar as voltas que o mundo dá, os dados duvidosos, as dívidas não quitadas, os critérios desprezados, o despreço da virtude, a virtuosidade do gênio, a genealogia do mal, o malabarismo do mala, a malaca da pele, a peleia pelo poder, o podar para crescer, o crés para esquecer, o créscimo para esquentar, o esquento para desinibir, o ganir dos cães famintos, o flamular das bandeiras de guerra, o guerrear das idéias perversas, o perver dos olhos acesos, o acesso aos arquivos secretos, os secretores ocultos no corpo, os copos vazios na mesa, as presas afiadas da crítica, o critério viciado de escolha, a encolha ante o pavor, o clamor das dores de dente, o denso calor do verão, a versão sertaneja do hino à bandeira, as rasteiras acertadas, as cacetadas defendidas, as defenestrações da frente, os confrontos abortados, as bordas atingidas, a tingidura descamada, o descaminho descambado, o câmbio aviltado, o alvitre contradito, o dito pelo não dito, o grito calado no ar, o arquivo deletado, o deleite interrompido, o interruptor trocado, o troçante destroncado, o destronado reconduzido, o recôndito revelado, o revel absolvido, o absorvido desperto, o esperto boquiaberto, o incerto endividado, as dúvidas exageradas, a exagitação incontida, a contagem regressiva, o regrante degenerado, o degelo degenerativo, a digestão desregulada, a desrazão desenfreada, o freio de mão puxado, o puxa-saco desatento, a atenuante discutível, o discurso repetitivo, a repetência contumaz, contumélia irrefletida, os refletores apagados, o pagamento atrasado, o aprazado infringido, o infriável moído, o removido reposto, o posto preenchido, a preempção revogada, a revoada de amigos, o castigo chegando a cavalo, o calo apertando o pé, a fé desfazendo o medo, o medíocre ensinando ao sábio, o sabão deplorando as cores, as flores inspirando o vate, o vatapá esquentando o rango, os rangidos da porta fechando, o fecho da calça se abrindo, o brinde à vitória de Pirro, o espirro à saúde de ferro, o feérico brilho dos vagalumes, o volume volátil da voz, os nós desatados da corda, os acordes vibrantes da banda, o bando uniforme de bobos, os lobos uivando na tela, as celas cheias de inocentes, os doentes cheios de esperança, a espera por boas notícias,o notável descendo do pódio, o pódice exposto à versão. Se não dá pra contar conta sem dar.           

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Crônica da Semana

A fome é o melhor tempero, o cheiro o melhor alarme, o charme a chave mestra, a festa o ponto de encontro, o desconto a diferença, a crença o analgésico, o sincrético a religião, a legião a melhor companhia, a compadria a maior proteção, a pretensão o projeto de vida, a videira a sombra da paz, passiva a voz do futuro, futilidade o fato notório, oratório a razão da fé, ré para chegar ao ponto, pontualidade para pagar a conta, continuidade para atingir a ponta, pontualidade para pontuar, ponderação para equilibrar, equilíbrio para não cair da corda bamba, samba para cair na gandaia, vaia para desopilar o fígado, fidalguia para mostrar generosidade, genialidade para provar talento, talante para fazer justiça, justaposição para gerar um palavrão, palavreado para encompridar o discurso, decurso para dilatar o prazo, preço para derrubar o custo, costas quentes para subir sem risco, confisco para evitar o descaminho, descamar para depois fritar, fretar para reduzir o peso, pesar para consolar a vítima, vitimizar para escapar da culpa, copular para perpetuar a raça, roça para semear o pasto, poste para estender a luz, cruz para explicar o martírio, delírio para justificar o equívoco, equivalente para não ter prejuízo, juizo para não cair em tentação, tentáculos para alcançar a glória, glosa para não perder o raciocínio, rícino para não faltar o laxante, laxo para não espanar a rosca, risca para limitar o espaço, espesso para assegurar a opacidade, opado para deitar e rolar, rolamento para reduzir o atrito, aflito para expressar o sofrimento, suprimento para prevenir a fome, fama para atrair a trama, tremor para chacoalhar a terra, o terror para reeleger o presidente,  presente para agradar o passante, possante para passar cima, cimba para navegar em águas mansas, mansueto para encarar a solidão, solidez para sustentar a opinião, ópio para submeter as opiniões, opimo para fartar a todos os apetites, apetrechado para atravessar o deserto, dissertar para se fazer entendido, entediar para intensificar a saudade, saúde para dar lucro ao plano, pleno para não sentir falta, falsa para ocultar a identidade, idêntico para não restar a menor dúvida, dívidas para sacramentar o crédito, crédulo para fugir do debate, debacle para chacoalhar as finanças, fiança para garantir a conta, em conta para vender à vista, revista para confirmar ou desentender de vez.                                       

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Crônica da Semana

A lei foi feita pra todos, o lodo para o limbo, o cachimbo para a fumaça, a graça para o riso, o piso para o salário, o glossário para o livro, o livre pra voar, o voal pra decorar, o decoro para usar, o usuário pra pagar, o pagão para pecar, o pequeno pra crescer, o créscimo pra reciclar, o recidivo para fecundar, o facundo pra cortejar, o cortejo pra seguir, o seguinte para ocupar, o culpado pra reparar, o reparo pra consertar, o concerto para cantar, o canto para esconder, o escombro para remover, o remoto para mover, o imóvel para morar, o moral para impor, o imposto para quitar, o kit para guardar, a guarda para proteger, o proteico para sustentar, o sustentável para conviver, o convite para a festa, o festim para assustar, o sustenido para alegrar, a alegação para justificar, a justaposição para aumentar, o aumento para agradar, a grade para resguardar, o resgate para libertar, o líbero para defender, a deferência para agradecer, o agrado para satisfazer, o sativo para frutificar, o fruticuloso para segurar, o seguro pra morrer de velho, o velejo para navegar, a naveta para incensar, o incendido para clarear, o clarete para colorir, a clorofila para sintetizar, a sintaxe para conjugar, o conjunto para fortalecer, a fortaleza para tutelar, o tutano para encarar, o encarapitado para vigiar, o vigente para validar, a valia para avaliar, o vale para adiantar, o adiamento para retardar, a tarde para anoitecer, a nota para esclarecer, a clareira para preencher, a preensão para subestimar, a estimativa para ver se dá, o dardejar para intimidar, a intimidade pra compartilhar, o compartimento para separar, a separata para continuar, o contínuo para entregar, o entregosto para mastigar, o mástique para pavimentar, o pavio para acender, ascender para mandar, mudar para se sentir melhor, melar para recomeçar o jogo, jogalhar para não fazer força, a forca para pagar a pena, as penas para emplumar, o plugue para ligar, o ligal pra não molhar, o molhe pra quebra-mar, o mará para impelir, o compelir para reter, o retesar para conter, o contar para saber, o sabiá para trilar, o trilho pra percorrer, a percussão para atingir, o tingir pra renovar, o inovar para acontecer, o acontiado para vir a ser, a sereia para encantar, o encantoado pra reagir, o ressurgir para brilhar, o pilar para subir, o súbito para flagrar, o flagelo para se livrar de todos os pecados. E tá falado!