quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cronica da Semana

No outro ano quero que você tenha muita lenha para queimar, um lugar pra ficar só, um Sol ligado em seu dia, alegria sem intervalo, um cavalo arreado, um passado pra contar, uma conta pra recibar, uma receita aviada, uma escada pra subir, um subinte pra comparar, um compadre pra concordar, uma corda pra roer, um reio para bater, uma bateria para seguir, um cego para guiar, um guizo para marcar, uma marca a atingir, um tingimento pra renovar, renome para influir, influxo para criar, crias para sucedê-lo, cabelo pra pentear, ponte para atravessar, trevo para proteger, protelação para escapar,  escopo para esculpir, escrúpulo para decidir, dissídio para decifrar, decíduo para não doer, doação para ser feliz, felicitações para  confraternizar, confrangimento para retroverter, retroação para não encarar, encarecimento para selecionar, solecismo para corrigir, currículo para mostrar, mostarda pra temperar, têmpera para resistir, resignação para ter perdão, condão para obrar milagres, vinagre para realçar o sabor, saber para se ilustrar, lustre para brilhar, brilhantes para brindar, blindagem para deter, detetor para revelar, revanche para vingar, vinco para distinguir, dístico para identificar, idêntico para socializar, sócio para repartir, reparo para consertar, concerto para louvar, louros para encantar, desencontros para lamentar, lameiro para testar, texto para decorar, decoro para adequar, equação para igualar, gala para receber, receio para temer, tema para discutir, disco para arremessar, arremedo para enganar, engate para arrancar, arrancão para extirpar, extintor para apagar, apego para afagar, afagia para fazer economia, ecocentros para exumar a Natureza, naturalidade para conhecer a derrota, derrogação para equilibrar, equidade para julgar, jugo para desfazer, desfaçatez para passar batido, batalha para valorizar a vitória, vistoria para superar suspeitas, suspensão para corrigir o rumo, ruminação para triturar o assunto, assunção para resolver, resolução para transformar, transfixão para inocular o bem, beneficência para socorrer o próxi- mo, o máximo para que nunca falte, fausto para que todos tenham, tenaz para conter dissenções, dicernente para não cometer injustiças, injunção para infundir o melhor, maior para se superar, supera-bundante pra ninguém reclamar, em fim, vou querer pra você tudo o que você quiser para mim.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Congresso submete prefeitos

Uma visão atual das relações entre legislativo e executivo no Brasil


Se você, como a maioria do povo brasileiro, acha que o Congresso Nacional é submisso ao pode executivo, que a bancada governista come na mão da presidente da República, este segundo semestre mostrou que você estava completamente errado. O parlamento brasileiro não só é independente e livre, como coloca sempre os interesses dos parlamentares e dos grupos que senadores e deputados representam acima de quaisquer outros, inclusive os interesses nacionais. Para safar os desmatadores (entre eles muitos parlamentares) a quem pomposamente chamam de homens do agronegócio, aprovaram um código florestal que é um histórico retrocesso, perante a sociedade brasileira e a comunidade internacional. E para conseguir a anistia para seus honoráveis delinquentes, atropelaram a própria presidente, que, para não sair no prejuízo, negociou a aprovação da DRU, que a oposição qualificou de cheque em branco, mas votou a favor, e, de quebra, ainda conseguiu isentar a União de percentual fixo de seu orçamento em saúde pública, que passará a ser responsabilidade quase que total das prefeituras e dos Estados. Por que a maioria governista não peitou a presidente em favor dos Estados e municípios? Elementar, meu caro Moka. A força do agronegócio é muito mais poderosa que a dos prefeitos e governadores, sem contar que ao aprovar uma disposição, onde os repasses da União para a saúde seriam vinculados e constitucionalmente assegurados, os eminentes representantes do povo estariam abrindo mão de seu papel de despachantes, no item orçamentário que mais rende emendas parlamentares, o grande negócio legislativo do momento. Deputado que preza o seu mandato e senador que sonha com reeleição ou voos mais elevados na carreira, perdem muito mais tempo nas antessalas dos ministérios que em seus gabinetes ou no plenário. Para continuar levando algum da União e suprir seu precário atendimento de saúde, os chefes de executivos terão que continuar correndo o pires nos ministérios, com a proteção das milícias parlamentares. É este o quadro e não há perspectiva de mudança a curto prazo, até porque o sistema é péssimo para a democracia, mas ideal para os atuais detentores de mandatos parlamentares.