sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Crônica da Semana

Quem tem boca sai de Roma, rema quem tem um braço, embarca quem tem um barco, emborca quem tem um copo, copia quem não escreve, escava quem dá cavaco, cavila quem encavala, cavaleia a montaria, amontoa quem tem mais, massifica quem tem menos, menospreza quem não tem, tematiza o que é dito, destoa quem distingue, distorce quem não tem torcida, torceia quem não tem torque, toca quem tem viola, viola quem não acata, cata quem tem piolho, piora quem tem tendência, tenta quem confia, configura quem concebe, concede quem conhece, convence quem tem lábia, labora quem tem tarefa, tarifa quem tem tabela, tabula quem tem medida, media quem tem talento, tala quem tem provento, prova quem tem bom gosto, gosta quem tem sentido, sentencia quem tem senso, sensibiliza quem tem carisma, carece quem não tem crença, crema quem tem fogueira, fogueteia quem tem motivo, motina quem não tem saída, sai quem tem passagem, passeia quem tem roteiro, roteia quem tem destino, destitui quem tem poder, pondera quem tem limites, elimina quem chega primeiro, preme quem sabe exprimir, espreme quem é previdente, provem quem é filantropo, fila quem tem fome, fomenta quem tem fama, familiariza-se quem se atreve, atravessa quem tem lado, ladeia quem tem parceiro, parcela quem tem crédito, acredita quem é fraco, fracassa quem não crê, crepita quem inflama, infla quem tem balão, baila quem tem cadência, pensa quem tem cabeça, cabe quem tem poupança, polpa quem tem a fórmula, forma quem está na fila, filia quem tem partido, parte quem dá adeus, endeusa quem agrada, gruda quem degrada, deflagra quem deflora, flora quem semeia, assemelha quem tem forma, formaliza quem tem mérito, metodiza quem ordem, ordenha quem tem rebanho, arrebanha quem tem rebenque, arrebenta quem tem repente, repensa quem tem juízo, ajuíza quem tem recurso, recusa quem não recua, recuita quem tem brasa, abrasoa quem tem brio, brilha quem tem estrela, estrela quem tem estilo, estiola quem desliga, deslinda quem esquadrinha, enquadra quem tem ângulo, engole quem é dócil, adoça quem tem melado, melindra quem discorda, acorda quem consente, conserta quem tem ofício, oficia quem tem competência, compete quem tem chance. Quem tem boca consegue uma boquinha.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Crônica da Semana

O homem grita e vocifera, a fera uiva e urra, a surra machuca e ensina, a sina submete os desejos, o ensejo faz a festa, a fresta mostra o mundo, a imundície esconde a cor, a cora branqueia o fato, a foto matiza o cinza, as cinzas geram a fênix, o feno compensa a seca, a cerca dá o limite, o limiar é o fim da busca, o busca-pé dá as boas vindas, o vindicante vinga o atentado, a tentação conduz ao pecado, o pé-quente traz bons fluidos, a fluência confere bons negócios, a negaça leva à sedução, o sedento vai à fonte, a fronte apara o choque, o cheque quita a conta, o contato conta a química, a mímica ameniza o gesto, o gestor harmoniza o modelo, o modem moderniza o meio, os meios minimizam o fim, o sim inferniza o não, o grão insemina o solo, o polo acumula o gelo, o giló concentra o sabor amargo, a amargura desafia a felicidade, as felicitações rompem a barreira da aversão, a versão relativiza a verdade, o verde monopoliza a folha, a falha não interrompe a fila, a filigrana não altera o conteúdo, o manteúdo não sabe quanto custa, a custódia não protege a alma, a arma não protela a morte, a sorte não marca hora, a oração invoca o milagre, o vinagre saboreia a salada, a salacidade é caminho andado para a perdição, o perdão é a chave da remissão, o reminado rema contra a maré, o mareante ruma ao porto seguro, o muro garante a posse, o poço mitiga a sede, a rede balança o sono, o sonho vira pesadelo, o pesar retira um peso, o piso estira o passo, o passivo passa em branco, o banco cobra o juro, a jura quebra quem faz, a fazenda cose a linha, a lenha coze o pirão, o porão esconde a arca, a marca é a diferença, a deferência é o que mais marca, a marcação segura o jogo, o jugo impõe o poder, a poda fecunda o novo, o ovo produz a ave, a nave conduz o amanhã, a manha aduz vantagem,  voragem reluz prazer, o prazo está esgotado, o esgoto contaminou o rio, o riso contagiou a platéia, a alcatéia dispersou os lobos, o lobby dispensou o lucro, o lacre derramou o líquido, a liquidação queimou o estoque, o estoque venceu o duelo, o dueto rompeu o tédio, o remédio curou a gripe, o grampo gravou as vozes, as nozes a nós não serviram, o servo sorveu o amo, o amorfo ganhou forma, a forma queimou o bolo, o bule ferveu o chá, o chato pagou o pato, o pito queimou o fumo, a fama subiu à cabeça e quebrou a cabaça.                 

domingo, 11 de setembro de 2011

Crônica da Semana

A fé move montanha, a manha remove o medo, o dedo dá a direção, a duração indica o fim, a fímbria limita o espaço, o braço alcança o limite, a liminar antecipa o mérito, o meritório leva a medalha, a palha pega fogo, o jogo dá empate, a empáfia faz o estilo, o estalo irrompe a guerra, a serra divide as terras, o terraço encerra o céu, o cio traz fertilidade, fertor antecipa festa, o festo dobra a peça, a poça empoça a chuva, a luva protege os dedos, os dados deduzem o fato, o fito é sempre vencer, o vencimento é mutável, o inimitável é original, a origem é duvidosa, o dadivoso não tem dúvida, o endividado não faz conta, canta quem é afinado, finado não volta atrás, atrasa quem perde a hora, era quem tem boiada, bóia quem não sabe, sobe quem tem fôlego, resfolega o que tem ar, arrepia quem tem pelo, pela quem tem roupa, ripa quem tem razão, rasa quem tem volume, avoluma quem tem decibéis, decisão toma quem pode, ao pódio assoma quem vence, vencido não autoriza, aterroriza quem tem bomba, bomba quem tem bombacha, acha o que não se perdeu, pede o que não sabe mandar, mama quem chora mais, faz a paz quem dá a mão, manuscrito enfeita a letra, aletrado tira de letra, letrista vitaliza a canção, o cancão canta sua sorte, o sortido mata a fome, a fama escreve o nome, a nomeada arruma a cama, o coma anula o sentimento, o sentinela dorme no posto, o pasto engorda o bicho, o baixo eleva o ritmo, o rito enleva a fé, a febre releva a dor, o dorido entristece, o entrincheirado se defende, o defeito se estende, o estandarte tremula o civismo, a civilidade estimula o respeito, o respanço impõe o temor, o tremor prenuncia o trauma, a trama pronuncia o caos, o caso encurta a história, a vitória encarta a causa, a coisa acata o casuísmo, o casual encaixa o previsto, o previver insere o passado, a passagem prefere o atalho, o entulho pretere a reciclagem, o recidivo dispensa apresentação, a presunção prescinde de provas, a provação paga a pena, penumbra não apaga a luz, luzidez não é isenta, pimenta não é refresco, refrega não é derrota, derrogação não anula, a mula não é burra, a surra ensina a chorar, o choro anima a dançar, dança quem desafina, desafia o que domina, denomina quem tem nome, nômade um dia cansa, esperança não tem pressa, presságio não tem data, dito não tem lógica, logo eu tenho nexo.                    

domingo, 4 de setembro de 2011

Crônica da Semana

Mais vale um pássaro voando que dez na mão, uma demão que o simples abandono, o sonho com pesadelo que o sono eterno, o inverno rigoroso que o verão sem umidade, a verdade dolorida que a mentira colorida, a colorreia estancável que a gonorreia transmissível, a transmutação pacífica que o esbulho possessório, o possesso controlado que o processo arquivado, o esquivoso honesto que o atirado desatilado, o desatinado incerto que o ajuizado duvidoso, a dívida quitada que o compromisso assumido, o assomado indulgente que o calmoso insurgente, o surgimento inesperado que a anunciada desaparição, o parecer equivocado que a decisão precipitada, o precipício imprevisto que a previsão de tormenta, o tormento voluntário que o perdão condicionado, o condicente impreciso que o convicente dissimulado, a simulação primorosa que o primor da imperfeição, perfazer pelo atalho e nadar que morrer na praia, espraiar tudo o que sabe que saber pela metade, metodizar o fácil que facilitar os fatos, fatores preponderantes que motivos relevantes, resfolegante por falta de espaço que respirar o ar do outro, outorgar sem merecimento que conceder sem direito, direcionar o resultado que fraudar a prova, provocar os irreconciliáveis que desagregar os convergentes, converter o descrente que convencer o fanático, fanar uma flor no viço que frustrar o odor do cio, pavio curto e flamante que rastilho longo apagado, pagamento atrasado que correr atrás de emprego, prego sem cabeça que cabeça despregada, desapregar o sabido que aprender nulidades, anular o resultado que convalidar o erro, errar pelo mundo afora que parar no submundo, mundializar a mediocridade que universalizar o ódio, a odiosidade honesta que a pusilanimidade desprezível, o risível inocente que a malícia insolente, o solecismo desavisado que a visada afetação, o desafeto valente que o amigo da onça, a geringonça desmontada que a bomba ativada, o atavismo saudável que o saldo devedor, vedar a passagem que obrigar o passageiro, passadiço prazenteiro que duradouro suplício, súplice denegado que presunção deferida, ferida cicatrizada que maldade desferida, desfiar idéias vagas que vogar conceitos cruéis, crueza de decisão que sentença equivocada. Nada vale mais.