domingo, 4 de setembro de 2011

Crônica da Semana

Mais vale um pássaro voando que dez na mão, uma demão que o simples abandono, o sonho com pesadelo que o sono eterno, o inverno rigoroso que o verão sem umidade, a verdade dolorida que a mentira colorida, a colorreia estancável que a gonorreia transmissível, a transmutação pacífica que o esbulho possessório, o possesso controlado que o processo arquivado, o esquivoso honesto que o atirado desatilado, o desatinado incerto que o ajuizado duvidoso, a dívida quitada que o compromisso assumido, o assomado indulgente que o calmoso insurgente, o surgimento inesperado que a anunciada desaparição, o parecer equivocado que a decisão precipitada, o precipício imprevisto que a previsão de tormenta, o tormento voluntário que o perdão condicionado, o condicente impreciso que o convicente dissimulado, a simulação primorosa que o primor da imperfeição, perfazer pelo atalho e nadar que morrer na praia, espraiar tudo o que sabe que saber pela metade, metodizar o fácil que facilitar os fatos, fatores preponderantes que motivos relevantes, resfolegante por falta de espaço que respirar o ar do outro, outorgar sem merecimento que conceder sem direito, direcionar o resultado que fraudar a prova, provocar os irreconciliáveis que desagregar os convergentes, converter o descrente que convencer o fanático, fanar uma flor no viço que frustrar o odor do cio, pavio curto e flamante que rastilho longo apagado, pagamento atrasado que correr atrás de emprego, prego sem cabeça que cabeça despregada, desapregar o sabido que aprender nulidades, anular o resultado que convalidar o erro, errar pelo mundo afora que parar no submundo, mundializar a mediocridade que universalizar o ódio, a odiosidade honesta que a pusilanimidade desprezível, o risível inocente que a malícia insolente, o solecismo desavisado que a visada afetação, o desafeto valente que o amigo da onça, a geringonça desmontada que a bomba ativada, o atavismo saudável que o saldo devedor, vedar a passagem que obrigar o passageiro, passadiço prazenteiro que duradouro suplício, súplice denegado que presunção deferida, ferida cicatrizada que maldade desferida, desfiar idéias vagas que vogar conceitos cruéis, crueza de decisão que sentença equivocada. Nada vale mais.

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