domingo, 5 de maio de 2013

Consertando o concerto



(Sergio Cruz)

QUEM NÃO CHORA NÃO MAMA, reclama e não tem retorno, entorna não mata a sede, cede e não consegue, conversa e não convence, vence e não leva, lava e não enxuga, suga e não mama, chama e ninguém  responde, esconde e não oculta, escuta e não entende, atende mas não resolve, promove mas não vende, acende e não clareia, semeia porém não brota, bota e não choca, checa e não descobre, encobre e não dissimula, emula  e é derrotado, derroca e não assume, soma e não acrescenta, senta e não descansa, dança e não tem cadência, pensa e não sabe exprimir, espreme e não extrai, distrai sem fazer rir, enriquece sem fortuna, fortifica com discurso, discorre sem argumento, argúi sem convicção, convida e não recebe, concede e não entrega, estraga e não conserta, concerta e não cumpre, compra e não paga, rasga e não emenda, encomenda e devolve, resolve mas tergiversa, professa a fé e não crê, cresce mas não alcança, balança e cai,  vai e fica, modifica e não muda, ajuda mas cobra juro, jura e não corresponde, responde porém não sabe, cabe mas não entra, entrava mas não detém, detona e não explode, sacode e não derrama, reclama e não comove, remove e não tira, atira e não acerta, aperta e não espana, abana e não ventila, compila e não condensa, pensa e não exprime, espreme e não comprime, reprime e não debela, cancela e não retrai, retrata e não ressume, assume e não dirige, digere sem mastigar, mitiga sem beber, embebe e não acende o facho, faxina e não recicla, recita mas não rima, rema e não navega, sossega e não dorme, doma sem montar, amontoa sem juntar, agita e não usa, abusa mas não para, apara mas não segura, fura e não vaza, casa mas separa, supera mas não passa, caça e não acha, racha e não divide, duvida mas aceita, ajeita e não aprimora, chora que o pranto e livre.

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