sexta-feira, 15 de abril de 2011

Crônica da Semana

MINI

O mundo está cada vez menor, o sol a cada dia fica mais perto, o certo é ainda muito duvidoso, o dadivoso inteiramente questionável, o renovável completamente sem conserto, o concerto lamentavelmente desafinado, o desatinado com assento no governo, o desgoverno presente em todas as tragédias, as comédias ausentes em todos os sorrisos, os incisos anulando todos os artigos, os antigos censurando os usuais comportamentos, o capotamento liderando todos os acidentes, o ocidente à frente de todas as guerras, a terra machucada pelo efeito estufa, a trufa ameaçada pelo pesticida, a pestilência avassalando as folhas, as falhas perfilando as falas, as filas fervilhando o frevo, o frívolo festejando o frio, o freio travando na curva, a curva da bola enganando o goleiro, o canteiro de obras ardendo em chamas, o chamado à paz por conveniência mouco, o louco de pedra aparentemente lúcido, o luzeiro da fé mementaneamente apagado, o explicado invariavelmente inteligível, o dirigível abruptamente desviado, o desavindo vez por outra de acordo, a corda arrebentando sempre no mesmo lado, ao acordado lugar comum um cochilo, ao quilo um grama a menos em cada peso, ao indefeso uma porta fechada para protegê-lo, ao gelo um grau a menos para tê-lo sólido, ao bólido uma cauda colorida para enfeitar o espaço, ao espesso ligeiro polimento para tê-lo leve, ao breve um dedo de prosa para fezê-lo discurso, ao decurso um minuto a mais até a eternidade, a interinidade atingindo o definitivo, o definido definhando-se em hesitações, os êxitos ameaçando a ética e a verdade, o verde interagindo com os restos e a ferrugem, a nuvem despejando até a última gota, a goteira pingando até a inundação, a mutação embelezando o feio, o recheio azedando a massa, a caça predando o caçador. A terra é um satélite da lua.  

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