terça-feira, 23 de novembro de 2010

Crônica da Semana

É DIFÍCIL

Atravessar o rio a nado, ao enfado sobrepor a alma, à calma mensurar a pressa, às avessas converter em trivial, do normal isolar a insensatez, a mudez na exigência do silêncio, o silenciador no lugar do ruído, os pruridos ao invés do opróbrio, o pobre encimar o abundante, o abomínio não ser abonado, o abanado não cochilar, o cochicho não virar verdade, a cidade não inundar, o inusitado não se vulgarizar, o vulgo não ser apelido, o apelo ser atendido, o socorrido escapar ileso, o leso encontrar a saída, o saído sair sem ser visto, o visto valer para sempre, o sempiterno deixar de existir, advertir e fazer-se escutar, auscultar e ser bem informado, inconformado achar a razão, a ração acertar o apetite, a apetição levar à vitória, a história contar a verdade, a vaidade vencer o modesto, o molesto curar as feridas, aferida a balança bater o fiel, o fél abrandar o sedento, o cedente fazer por amor, o clamor convencer o atroz, o feroz indultar o dócil, o fóssil despoluir, despolir o brio da manhã, amainar as ondas gigantes, desagigantear a pequenez, apequenar o assombroso, sombrear a perspicácia, perspirar a mentira, mentalizar uma indulgência, induzir um forte abraço, abarcar o mundo inteiro, interagir a boa nova, noviciar resultados, resumir o arrazoado, arrasar o mais temível desafeto, desinfetar todos os espaços contaminados, contabilizar todos os sonhos acordados, acordar todos os tratos desejados, deseixar todas as rodas empenadas, penalizar os pecados cometidos, comentar o sucedido, suceder o sucessivo, sussurrar a sensação, sensibilizar o sensitivo, sensualizar o estéril, estereotipar os extremos, entremear as cores na estrita medida do possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário